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Após ter suspendido, na véspera, o pagamento da subvenção para a importação do arroz, o Governo guineense decidiu, na sexta-feira passada (19.04), aumentar o preço do produto de maior consumo na Guiné-Bissau.

O novo preçário está a ser alvo de forte contestação por várias franjas da sociedade: “Não há dinheiro, o salário que temos é péssimo e o aumento do preço de arroz está-nos a prejudicar muito”, comentou um cidadão ouvido pela DW África em Bissau.

“O novo preço de arroz não é normal, porque a Guiné-Bissau é um dos países mais pobres [do mundo] e isto não é normal. Nós consumidores finais não podemos comprar o arroz a este preço”, afirmou outro cidadão nas ruas da capital guineense.

Campo de arroz na Guiné-Bissau
A produção nacional de arroz não consegue responder à procura na Guiné-BissauFoto: DW/B. Darame

Anteriormente, um saco de 50kg de arroz 100% partido, conhecido na Guiné-Bissau por “Nhelen”, custava pouco mais de 26 euros; passa agora a ser comprado por cerca de 33 euros. O arroz 5% partido, conhecido por “arroz grosso”, que custava pouco mais de 34 euros, é vendido agora por mais de 36 euros. 

A justificação do Governo

A subvenção estatal à importação do arroz contribuía para que o cereal fosse mais barato para o consumidor final. Mas o Executivo decidiu suspender a sua contribuição.

Esta terça-feira, o ministro do Comércio, Orlando Mendes Viegas, explicou, em conferência de imprensa, que o custo da subvenção era insuportável e que o Governo tem de cumprir os compromissos assumidos com os parceiros internacionais, nomeadamente o Fundo Monetário Internacional (FMI). Mendes Viegas sublinhou que, nos últimos anos, o país terá gastado mais de quatro mil milhões de francos CFA (mais de seis milhões de euros) com a subvenção à importação do arroz.

Bissau: Sociedade civil diz “basta ao regime ditatorial”

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O governante desdramatizou, no entanto, o aumento do preço do produto no mercado e fez uma comparação com os países vizinhos da Guiné-Bissau: “O nosso preço de arroz é igual ao do Senegal e ainda mais barato do que o preço da Guiné-Conacri”. 

Alerta para situação de fome

Isabel Almeida, coordenadora da organização das mulheres guineenses MIGUILAN, alerta para uma situação de emergência na Guiné-Bissau. 

“Na ausência de programas e políticas públicas que visem e salvaguardem as necessidades e os problemas prementes das populações, podemos falar até de emergência em termos da segurança alimentar e de sobrevivência”, afirmou.

Segundo Isabel Almeida, a situação torna-se ainda mais difícil para a população face a um governo de iniciativa presidencial “sem legitimidade” e carente de ferramentas para enfrentar os desafios e propor soluções para os problemas sociais. 

Dados recentes da Direção-Geral das Alfândegas indicam que a Guiné-Bissau importa, anualmente, entre 130 mil e 140 mil toneladas de arroz para o consumo da população.

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